sábado, julho 14, 2007

Um pequeno discurso sobre o tempo

(que fique registrado que já cansei)

Um pequeno discurso sobre o tempo

Faz tempo que eu não escrevo um texto assim, longe da poesia, um diálogo honesto com as linhas em branco. Essas linhas e eu nos entendemos, mesmo que ultimamente tenhamos conversado por desculpas, vez ou outra por promessas. Difícil não repetir as mesmas desculpas, mais difícil ainda se desculpar por uma promessa não cumprida. E é nessa exata última linha que começo minha história.

Foi aqui, nessa mesma quarta-feira de algum mês atrás, talvez terça-feira, mas esse mesmo refrão de uma quarta - ou terça - tocava, do tipo que só toca nesse dia. Típico. Faça-se notar que odeio dias assim e todas suas reflexões, minhas reflexões. Rejeito qualquer sugestão de sentimento, mas vai saber o quanto sou fraco perto de mim.

Então tudo toma conta, e onde me encontrava, encontram-se tantos que nem me reconheço entre os personagens. O que nega, o que vez ou outra aceita, o que finge que não sabe, o que é racional, o que há muito perdeu a razão, o que escreve, o que apaga o que acabou de escrever e o que acabou de colocar esse ponto. E ai de quem tire. E de quem coloque mais um.. Opa, coloquei. Por isso sou tempestade e calmaria pra mim. Sou. É. Ah, se é.

Mas voltando, a unanimidade entre todos meus eus é o fato de que o tempo parou naquele refrão. E isso faz com que a teoria de que o tempo não é uma linha, mas um espaço plano, onde não necessariamente se anda pra frente e pra trás, parece ter sua razão.

Digo com firmeza que cansei de andar para os lados. Cansei de você, tempo. Cansei de fazer promessas pela última vez mais uma vez. De saber que o eu de agora não pode controlar o eu da semana que vem, esse eu que vai insistir em repetir erros, em andar na diagonal. Esse eu que depois vai fazer as mesmas perguntas para confirmar velhas respostas que nunca quisera saber tantas outras vezes.

Não consigo nem organizar meu tempo em um texto, já me perdi em assuntos e frases que nem sempre se comunicam com as seguintes.
É essa invencibilidade do tempo que me destrói.
É o certo tique ante cada taque, é o caminho perfeito, é o não-atraso, a falta de acaso.
É o meu apressar o passo pra acompanhar cada espaço.
É o escasso que nunca acaba, é o pouco que sobra quando ainda há o tanto que resta.
É o amanhã que se pinta de hoje, o hoje que já dorme ontem, é o ontem que não pensa mais em ser hoje.
Mas acima de tudo isso, é o transformar da minha promessa de não fazer disso poesia em mais uma pela última vez outra vez.

No fim, é essa mensagem que parece tão nova, mas que soa tão repetida.
É o meu defeito, e ainda assim o que nunca deixo de fazer direito.

Há de se adorar essa certeza do meu engano. Ah, se há.

Um comentário:

  1. Também tenho problemas com o tempo e em quantas ele me divide... =/

    Keep walking.

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