quarta-feira, setembro 13, 2006

Trilogia do Auto-Conhecimento

(interrompendo a sessão "quero ser poeta", sessão exluciva já que acredito ser o único que lê isso.. weee.. e leio pra revisar texto, mesmo que não venha corrigir depois :D )


A Trilogia do Auto-Conhecimento

Introdução

O pior momento que uma pessoa pode passar é quando tem que enfrentar seus medos, decepções, angústias, defeitos e tudo o que tenta já inconscientemente esconder em sua rotina, e todos nós fazemos isso tão bem. Talvez esse seja o ponto em comum de todas as pessoas do mundo, a virtude de esconder seu pior lado, não só dos outros, mas, principalmente, de si mesmo, por isso "virtude" e não "defeito". Nós não conseguiríamos atravessar o dia-a-dia se precisássemos nos confrontar sempre. Perderíamos. Afinal, você é a pessoa com o maior potencial para se ferir.
É com isso em mente que falo do caminho para conhecer, antes de enfrentar, o lado que deixamos tão bem guardado. É um caminho perigoso dividido em três passos, perigoso porque chegamos ao ponto de não nos reconhecer quando encontramos uma nova verdade e porque no processo não saberemos dizer quem somos afinal, se somos o que olhamos no espelho ou se somos o que ouvimos quando todas vozes em nossa mente ficam em silêncio.



1º Passo: O Julgamento

Aqui fica a visão que desconhecidos têm de você. Costuma ser superficial, focando expressões e aparências físicas ou não em dados momentos de encontro. É a mais simples das visões, é a que menos fará diferença no terceiro passo, ou é a que menos deveria, já que são opiniões de quem pouco sabe sobre você.
Não existem verdadeiras nuances características nessa parte, mas julgamentos precoces de personalidade. Pouco é descoberto sobre quem é.



2º Passo: O Falso Martírio

É exatamente aqui que sabemos o tamanho da dificuldade, quanto melhor você se sentir nesse momento, pior será para aceitar a verdade, porque o falso martírio é feito pelas pessoas próximas. Não é falso porque elas não são verdadeiras, mas por pura lógica. Aqui encontra-se a visão das pessoas que amam você, e isso não seria possível se elas vissem mais defeitos do que virtudes. São essas opiniões sobre quem é que lhe ajudam a esconder tão bem seus defeitos, são essas opiniões também que substituem a realidade e que confortam seu mundo de pequenas ilusões. Há quem diga que o Auto-Conhecimento termine aqui, porque as pessoas mais próximas que podem lhe dizer quem é, e que os segredos que deixamos inconscientes são apenas falhas que remediamos com o oblívio. Mas eu sempre ouvi que ignorar só aumenta o problema, então mais cedo ou mais tarde você vai se deparar com uma sombra maior do que a que mantinha.
Esse passo vem antes do último, o qual revelarei o nome apenas quando chegar sua hora, por ordem natural, já que é tão mais comum se olhar pelos outros, mas por eficiência deveria ser depois, já que é com ele que moldamos o que esperamos ser, é ele que nos dá a direção da mudança.



3º Passo: O Exílio

Sim, aqui as vozes ficam em silêncio, aqui a visão através do olhar carinhoso cessa.
Aqui, amigo, só resta você.
Agora pare e diga o quanto é difícil ver a si próprio de tão perto.
Feche os olhos, apague as luzes do mundo, desligue o som do universo, respire e pense em tudo o que você imagina ser. Em seguida, espere que uma voz escondida em sua mente comece um duelo com quem você pensa que é. Descubra que o que precede o caos é o silêncio, porque é nele que as verdades se propagam. Longe de qualquer ruído comunicacional interno. O silêncio, amigo, faz um barulho incessante na sua consciência. O pouco que lhe resta de conforto são os surtos irregulares de sintonia com o mundo, os raros momentos em que você escapa de sua mente e tenta fazer parte do que lhe rodeia. Mas sinto dizer que não tem volta. Você já conhece seus extremos. Quanto mais você tenta voltar, mais dominante o silêncio se torna fazendo-o se fechar outra vez, você não é mais o mesmo e teme que percebam.
Em pouco tempo, chega ao topo de suas convicções e se perde por ali. De um lado, um abismo sem fim, do outro, uma escadaria sem fim. É aqui, de fato, que você decide quem é, qual das três pessoas. Sim, três. A que se engana, a que tem escondido ou a terceira que tentará algo novo. Entenda que você pode subir a escadaria durante toda a eternidade fugindo do abismo, mas basta olhar para o outro lado que enfrentará a mesma queda. Mesmo que em um segundo infinito você encontre o final da subida, o que você terá? A mesma queda por todos os lados.
Em outro parágrafo, me pergunta: "O que resta?". Eu respondo: cair. Caia e descubra quem você é. Caia até descobrir que você está na sua mente e aprenda que pode fazer qualquer coisa. Voe, crie um novo cenário, reinvente-se, mude o que tanto queria esconder.
Use o julgamento para um novo "eu" externo e o falso martírio para um objetivo após o exílio. Afinal, você já deve ter aprendido que você não é apenas a pessoa com maior potencial para se ferir, mas também a com maior potencial para se curar.
Faça o que achar melhor, mas é importante nunca continuar aqui. A escuridão de sua mente é um lugar perigoso demais para permanecer sozinho, amigo.

segunda-feira, agosto 21, 2006

A Queda

(Revivendo o que morreu há muito tempo. Pura vontade inútil do momento.)

A Queda

3, 2, 1.

"Atire-se.
Ou retire-se".

Essa é a hora,
daqui para baixo o que importa são as histórias.

A altura do pico é sempre a mesma,
mas o chão afunda a cada mergulho consciente.

"Agarre-se.
Ou desfaça-se".

Não há mais hora,
os apoios têm espinhos e o destino nunca demora.

Olhe para cima agora,
o que você vê indo embora?

"Desembarque.
Prepare-se".

Não se acomode,
o impacto não é o fim,
a subida é longa,
mas a dor impulsiona.

Abra os olhos ao subir,
lembre-se de todos os instantes da queda,
aproveite todos os espinhos dos apoios,
seja parte de tudo o que você foi e lembre-se das histórias.

Chegou.

"Bem-vindo".

3, 2, 1.

"Atire-se.
...".