quinta-feira, outubro 25, 2007

Semântica

(não foi escrito no presente..)

Semântica

De sujeito,
virei objeto de um verbo transitivo qualquer,
como se precisasse de algum complemento.

Já não consigo colocar pontos finais.
Os que coloco são seguidos de outra oração,
e eu nunca fui um sinônimo religioso.

Toda expressão virou conotativa
e a sintaxe não fez sentido,
mesmo que subjetivo.

Deixamos de ser conjunção condicional
pra virarmos consecutiva,
mas sempre proporcional, desde que concessiva.

Aceitei ser agente da passiva
só porque você era um tanto intransitiva quanto algumas coisas,
e não há relação que dê certo se não flexionar tudo no seu gênero.

Discutimos sobre certas preposições,
e sabe como é?
Espera-se apenas próclise quando se começa soltando verbo.

Aí nossa conjunção foi seguida de aposto,
então o vocativo passou a ser perjorativo
e nada de pronomes pessoais.

E se quer saber,
nunca vi ela com tanta mania de cacofonia,
ô vício de ver ambiguidade na minha poesia.

Só nos entendemos quando surgiu a sinestesia:
de um lado a metáfora que lembrava um sentimento atemporal,
do outro o sarcasmo que ela sempre gostou.

Logo a respiração foi abreviada,
mas só pra tornar a rima ritmada.
Em seguida, já voltou por extenso.

Vivemos mais ou menos assim,
proferindo antíteses.
E dizem que isso é amor, mas é pura semântica.